Direto da Telinha: O fim do "Dia Dia"

23 de nov. de 2009

Direto da Telinha: O fim do "Dia Dia"

por João Gabriel Gomes Batista

A equipe de produção do "Dia Dia", bem como seus apresentadores, diretores, produtores, enfim, todos que compõe o programa, tem duas más notícias para dar aos seus superiores. Uma delas já é de conhecimento da alta cúpula, a outra ainda não.

A primeira má notícia é que o "Dia Dia" não emplacou no quesito Ibope. Até ai, conforme eu já havia dito, a alta cúpula da Band já sabe, os telespectadores mais ligados em bastidores de TV também já. Enfim, todos que tem o mínimo interesse ou ligação com o mundo da televisão estão cansados de saber disso.

A segunda má notícia é que o programa não vai emplacar. Eu sou vidente? Não. Como que é possível fazer uma previsão dessas? De forma muito simples. De início, vamos ser francos, o "Dia Dia" nunca foi sucesso de audiência. Nunca. Sempre deu médias entre 1 e 2 pontos, isso quando não traçava - termo dado aos programas que, utilizando do eufemismo, "não eram apreciados pela grande massa".

Esse novo formato, com Bork e Poppovic, vai totalmente de encontro às novas tendências da televisão brasileira e não há a mínima perspectiva de sucesso, diferente do formato antigo, com Patrícia Maldonado e Lorena Calábria. Não vai dar certo. Não vai.

O "Dia Dia" reestreou em março deste ano como a menina dos olhos da Band. Veio com um formato ainda não testado pelo canal, espelhou-se no sucesso do "Hoje em Dia", da Record, recebeu maciços investimentos, novos cenários, ligação direta com o departamento de jornalismo, além da dupla de apresentadoras, que era carismática e competente.

Nem com todas essas qualidades que eu citei, o Ibope do "Dia Dia" subiu. O motivo? A Band ainda estava começando, testando um novo formato. A Record também passou por isso, o "Hoje em Dia" começou com 4 pontos e chegou a dar 2 em diversas ocasiões. Essa época já foi vencida e tem dia que a produção pode se dar ao luxo de fazer um desfile de aneis e ainda assim render 6 pontos.

Voltando para o "Dia Dia", o outro motivo é que ao mesmo tempo que sobrava know-how para sua produção, para o departamento de jornalismo, faltava know how a direção. Diversos intervalos e inúmeras ações de merchandising afastaram o telespectador. Esse foi um erro crucial e que, na minha opinião, foi o que impediu o antigo "Dia Dia" de crescer.

Preferiram, em valores hipotéticos, é claro, vender 10 ações de merchandising por R$ 10 para 1 ponto ao invés de vender 5 ações de merchandising por R$ 20,00 para 2 pontos. Um erro que custou o formato.

Mas mesmo assim, mesmo com o excesso de breaks e merchans, a Band não entendeu o recado e preferiu reformular o programa. Tiraram o que tinha de melhor e mantiveram o que tinha de pior. Além de tudo reduziram o tempo de arte drasticamente. Vamos fazer um balanço disso tudo. O que o novo "Dia Dia" trouxe de bom? Nada. O que o novo "Dia Dia" trouxe de ruim? Tudo. O fim de uma revista eletrônica, o retorno de um programa feminino, a queda no faturamento da Band - que passou a vender menos por um programa que tinha menor duração. Não foi bom para nenhuma parte.

O pior erro ainda está por vir. A Band não quis reduzir os breaks e merchans do "Dia Dia" para elevar sua audiência e o que fizeram? Criaram o "Band Kids" de 08h até 09h45. 1h45 de um programa sem patrocinador e com pouquíssimas inserções comerciais vendidas a preço de banana.

Se a emissora, depois de tanto apanhar, mostrava-se disposta a sacrificar o seu faturamento, por que não diminuiram os intervalos e os merchans do "Dia Dia" ao invés de criar um programa sem potencial de comercialização como o "Band Kids"?

Agora não há mais o que fazer... Nem com pautas fortes o programa mostrou reação. Esses dias Bruna Surfistinha foi ao programa para falar de seu filme e sua vida. Uma pauta fortíssima, que se veiculada no "Hoje em Dia" daria ao menos 7 pontos. Na Band deu 1 e pico de 2. A participação da Bruna Surfistinha só ajudou o programa a não fechar no traço, afinal antes dela entrar a média prévia era de 0,4 e assim que ela saiu, a média subiu para 1. Quase hein?

É incrível que uma emissora que tem 42 anos não consegue entender, captar, a essência de um programa de televisão. É tão simples... Até porque se não fosse, como se justiticaria a Gazeta e a RedeTV!, emissoras menores que a Band e com menos experiência, darem o mesmo - ou mais - com seus programas similares na faixa matutina?

É uma pena que um projeto tão bom, que tinha tudo para dar certo, não deu pela vontade imediata de se recuperar investimentos e que por esse objetivo, fez com que erros atrás de erros fossem cometidos.