20 de jun. de 2009

TV Crítica: Nos bastidores da Anhanguera

por João Claudio Lins - Publicitário

O circo está armado. Especulações por todas as partes, um disse-que-disse generalizado, um bafafá desenfreado nos bastidores. Eis o mais novo capítulo da competição entre a Record e o SBT: a disputa pelo passe de Gugu Liberato (foto), de 50 anos.

A peleja, entretanto, vai além de uma mera questão de valores. Assume um forte valor simbólico. Trata-se de um dos pilares da emissora da Anhanguera. A possível perda pode acarretar em um sério dano institucional e representar a derrocada da identidade da emissora de Silvio Santos, que vem sofrendo de sucessivos arranhões em sua imagem.

A proposta da Record é generosa: renda mensal de R$ 3 milhões, um programa dominical e uma série de benefícios, como aumento do espaço na grade nos próximos oito anos, período do contrato. Especula-se, ainda, que a emissora de Edir Macedo oferece um espaço na Record Internacional, o canal brasileiro mais acessível no exterior.

Caso aceite, Gugu poderá ser visto em 160 países. O vínculo do apresentador com o SBT encerra em março de 2010. Caso optem por quebrar o contrato, a rescisão gira em torno de R$ 15 milhões.

Situação semelhante aconteceu em agosto de 1987. No auge do extinto “Viva a Noite”, Gugu assinou um contrato com a Rede Globo. A notícia gerou polêmica e estampou tablóides e revistas de fofoca.

Inconformado, no sábado de Carnaval de 1988, o empresário Silvio Santos foi pessoalmente à sala do dono da emissora carioca, Roberto Marinho, para pedir a permanência do apresentador no SBT.

Nesta negociação, Augusto Liberato recebeu uma proposta milionária: um salário dez vezes maior, parte da programação de domingo e ganhos com publicidade.

A relação do apresentador com Silvio Santos é antiga. Gugu começou na televisão aos quatorze anos, como assistente de produção do Domingo no Parque. Desde então, passou a ter sua imagem vinculada ao homem do Baú.

Sua passagem no SBT é marcada por altos índices no Ibope, em especial no final dos anos 90 e início dos anos 2000, quando emplacou sucessivas vitórias contra a Rede Globo. Ainda hoje é a maior audiência da casa.

Para o SBT, perder o apresentador implica em abrir mão de parte de sua história. Significa virar a página de uma parceria que já fez grande sucesso e que ainda gera uma excelente receita publicitária.

E o pior: fomenta ainda mais o status de um canal decadente. Segurar o moço loiro na Anhanguera é uma questão de orgulho. Talvez uma necessidade de sobrevivência.

De algum vínculo com o SBT do passado, uma rede popular, inovadora e até inconsequente, que enfrentou uma hegemonia pesada com uma programação criativa e diferenciada.

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