5 de ago. de 2010
TV Cultura corta "Vitrine", "Login", "Manos e Minas" e mais programas
por Daniel CastroO processo de reestruturação da TV Cultura, que tende a trocar a produção pela compra de conteúdo, terá como primeiras vítimas os programas "Vitrine", "Login" e "Manos e Minas". Essas atrações serão extintas. "Letra Livre" e até os concertos da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) estão ameaçados.
Em entrevista ao repórter Jotabê Medeiros, o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, anuncia a extinção do "Login" e do "Manos e Minas", ambos dirigidos ao público jovem. A notícia surpreendeu profissionais das 2 produções, que ficaram sabendo que poderão ser demitidos pelo jornal.
Sayad disse também que o "Vitrine" "deverá ser suspenso para reformulação". Nos bastidores da emissora, o que corre é que o "Vitrine" sai do ar, mas não volta. Sayad tem dito reservadamente que acha o programa "chato".
Em reuniões na emissora, o presidente da fundação tem afirmado sua intenção de não mais captar concertos da prestigiada Osesp, mantida pelo governo estadual. Sayad quer também encerrar a cobertura do Festival de Inverno de Campos do Jordão, tradicional evento de música erudita. Sua justificativa: é caro captar apresentações de orquestras; sai mais barato comprar material do exterior.
Já o "Letra Livre", de literatura, poderá se fundir a outro programa do mesmo gênero, o "Entrelinhas".
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Na entrevista publicada pelo O Estado de S.Paulo, João Sayad confirma, à sua maneira, as informações publicadas. O economista nega que haverá demissões em massa (o que qualquer um, no lugar dele, faria). Mas admite cortes. "Haverá mudanças nos quadros, isso é certo", afirmou a Jotabê Medeiros.
Sayad confirmou o fim da produção de conteúdo para terceiros (TV Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Assembleia Legislativa de São Paulo), atividade que gera R$ 60 milhões por ano. Explica: "Dá um trabalhão, gera um porção de problemas trabalhistas, e, em vez de se dedicar à atividade-fim da própria TV, passa a se dedicar à produção para outras 2 TV's. A receita que se consegue não justifica o comprometimento de tanta gente da TV Cultura trabalhando".
Sayad confirmou até seus planos de vender o patrimônio da Cultura:
"Isso é uma implicância minha. Eu acho que, numa reformulação, quando a TV for mais ágil e mais moderna, quando nos tornarmos compradores de conteúdo, pode perfeitamente prescindir de um espaço tão grande. Mas não tem nada certo. O terreno lá tem 30 mil metros quadrados de área, com uns 8 mil metros de área construída. Isso é um modelo da TV dos anos 60, que hoje pode ser menor e mais eficiente. Mas é um projeto a longo prazo".
- Movimento "Salve a TV Cultura":
por Luis Nassif
Não tenho por hábito estimular movimentos de mobilização pela Internet. Mas esse caso da TV Cultura não pode ficar assim.
Não é possível que o trabalho de gerações de paulistas, que a tradição criada por Roberto Muylaert seja destruída pela postura imperial de um presidente indicado pelo governo do Estado. Não se pode deixar João Sayad promover esse desmonte.
Montou-se um Conselho supostamente representativo da sociedade civil paulista, mas que só tem servido para sancionar decisões que partem do governo do Estado.
Nos últimos anos, a TV Cultura foi uma caixa preta. Apesar de indícios veementes de irregularidades, o conselho passou ao largo da gestão Marcos Mendonça. A blindagem proporcionada pela mídia a todos os atos de governo garantiu esse silêncio atroz, um pacto de cumplicidade naquele que deveria ser o Estado por excelência da afirmação da sociedade civil.
Há diversas funções das mais relevantes a serem cumpridas pela TV Cultura. Há uma cultura paulista espalhada por todo o Estado à espera de divulgação, há novas gerações de músicos aguardando espaço, há uma discussão ampla sobre os rumos do estado e do país. Como emissora pública, a TV Cultura teria espaço para prestar serviços a órgãos públicos – como já faz -, tem facilidade para captar recursos pela Lei Rouanet. Poderia se montar um trabalho amplo de mobilização junto às empresas paulistas.
Poderia ser o veículo por excelência das Secretarias da Educação, da Cultura, da Gestão. Mas nas vezes em que se ensaiou essa parceria, foi apenas para validar negócios de ONGs controladas por aliados políticos.
Todo esse potencial é deixado de lado pela postura fácil do desmonte.
Fica aqui a sugestão para a criação de um "Movimento Salve a TV Cultura". O Blog ficará à disposição dos que tiverem propostas, ideias e mobilização para essa empreitada que é questão de honra para São Paulo.
Coloque no seu Twitter o hashtag #salveaTVCultura
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