13 de jan. de 2010
OlharTV: Vai deixar saudades
por Tatiana BruzziQue brasileiro gosta de novela, todo mundo sabe. Já virou hábito dedicar algumas horinhas do dia para conferir os folhetins diários, sejam eles na reprise da tarde ou no horário nobre. E não fugindo a regra, eu também adquiri essa mania.
A produção de Walcyr Carrasco rendeu bons índices no Ibope, sendo inclusive estendida por vários capítulos. E em sua reta final, chegou a obter audiência maior que "Viver a Vida", atual novela do horário nobre. Mas qual segredo para tanto sucesso? Simples, o brasileiro voltou a ter prazer em ver uma novela das 19h.
Quando penso em novela das 19h, lembro das antigas. "A Gata Comeu", "Final Feliz", "Que Rei Sou Eu?", "Vamp" e "Bebê a Bordo". Produções leves, engraçadas, com aventura, núcleo infantil e até críticas políticas.
Mas, de uns tempos para cá, nos deparávamos com histórias pouco interessantes, ou fantasiosas demais, que pareciam querer prender o público mais através da sexualidade do que pela trama em si. E o que se via era um besterol televisivo.
Os horários destinados às novelas costumam seguir uma regra. Das 18h, destinadas às donas de casa. Estipula-se que nesse momento as mesmas estão em casa, preparando o jantar. Das 19h, visam atingir toda a família. Essa é a hora em que todos se reúnem à mesa para jantar e ver televisão. E isso vale também para os telejornais locais. Enquanto isso a "das 20h" (que na verdade começa as 21h) sofre com a classificação etária. A ideia é a de que apenas os pais, ou pessoas mais velhas, vão assiti-la. Por isso há censura em relação a idade.
Quando digo que "Caras & Bocas" retomou esse perfil de novela das 19h, é porque conseguiu atingir todas as idades. E o mérito é de seu autor, que apresentou uma história dinâmica, alegre e romântica, com toque de aventura e uma leveza peculiar.
As obras de Walcyr Carrasco sempre tiveram uma característica de novela das 18h. Suas produções traziam humor e aventura, mas geralmente eram de época. Foi assim com "O Cravo e a Rosa", "Chocolate com Pimenta" e "Alma Gêmea", que atualmente está em "Vale a Pena Ver de Novo". Todos sucessos reconhecidos pelo público.
Ao fazer um folhetim contemporâneo, e no horário das 19h, o autor optou por manter seu modo de fazer novela. E com isso, além dos atributos que tornam uma história interessante, usou e abusou de sua imaginação.
O 1º passo rumo ao sucesso foi escalar um macaco como protagonista. Alguém duvida que Xico tenha sido o grande nome da novela? Naquele momento, ele atingiu o púbico infanto juvenil. Que se identificou também com o núcleo jovem da trama.
O trio Bianca, Felipe e Espeto trouxeram de volta o espírito aventureiro, presente em personagens memoráveis como Pedrinho, Narizinho e Emília, do Sítio do Picapau Amarelo. Ou ainda os Goonies, do filme de mesmo nome.

Vibramos com a derrota de Frederico e a prisão de Judith, grandes vilões da novela. E ainda adotamos os bordões: "Tô rosa chiclete!", "E eu sou fraca?" e "É a treva!".
Agora, para quem achou desnecessário o destino de Pelópidas, saiba que através dele o autor homenageou um dos maiores clássicos da dramaturgia teatral: "O Fantasma da Ópera". Tendo, inclusive, uma cena com direito a cenário e trilha sonora bem parecida com a orignal.
Elenco afinado, personagens interessantes, trilha sonora impecável e a dobradinha Jorge Fernando + Walcyr Carrasco, fizeram dessa novela uma produção que vai deixar saudades.
0 comentários:
Postar um comentário