18 de mai. de 2009
Especial: Há 10 anos o Brasil perdia Dias Gomes
O baiano de Salvador Alfredo de Freitas Dias Gomes (foto) se definia como um homem apaixonado pelo teatro. Escritor de grande talento, era contista, romancista, teatrólogo e roteirista de cinema.Nascido em 19 de outubro de 1922, Dias Gomes escreveu “A Comédia dos Moralistas”, sua 1ª peça, aos 15 anos e recebeu sua 1ª premiação 2 anos mais tarde, por esse mesmo texto.
Em 1942, excursionou com Procópio Ferreira com sua peça “Pé de Cabra” por todo o país. Mais tarde, trabalhou em grandes rádios do Rio de Janeiro e casou-se com Janete Clair, outra grande escritora brasileira, em 1950.
“O Pagador de Promessas”, peça que escreveu em 1959 foi seu maior sucesso, sendo uma das mais premiadas até hoje no Brasil. Foi o próprio Dias Gomes quem a adaptou para o cinema, recebendo a Palma de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Cannes em 1962 e o Prêmio Fipa de Prata, em Cannes, em 1988, entre outros prêmios nacionais e internacionais.
Foi por seus textos apresentados na televisão que Dias Gomes ficou na memória do grande público. “Roque Santeiro”, a peça proibida nos anos da ditadura e adaptada para a televisão 10 anos depois, foi uma das telenovelas de maior sucesso no Brasil, sendo ainda hoje lembrada nas conversas em rodas de amigos e como referência de texto rico, linguagem acessível e temas controversos.
Outro grande sucesso de adaptação de uma peça de teatro foi a série “O Bem-Amado”, com a inesquecível interpretação de Paulo Gracindo como Odorico Paraguassú. A ironia e a sutileza com que criticava a política e a sociedade da época faziam rir e convidavam o espectador a refletir sobre a conjuntura nacional e os rumos do Brasil.
A genialidade de seus textos é tanta que muitas de suas observações permanecem atuais ainda hoje, passados 10 anos de seu falecimento – e 30 da estréia da série “O Bem-Amado” na TV.
Em 1991 foi eleito o 6º ocupante da cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, sendo recepcionado por Jorge Amado, outro grande escritor baiano.
Em seu discurso de posse, ressaltou sua paixão: “O teatro é a única arte que usa a criatura humana como meio de expressão. No cinema e na televisão a imagem da criatura humana é utilizada, não a criatura viva, sensível e mortal. Esse meio de expressão, mais poderoso que qualquer outro, o homem-ator, torna o teatro a mais comunicativa e a mais social de todas as artes, aquela que, de maneira mais íntima e reconhecível, pode apresentar o homem em sua luta contra o destino - em última análise, a razão de ser da arte dramática, dos gregos aos nossos dias. Pois o que temos no palco são seres humanos, que nos tocam duplamente: pela interpretação de um destino alheio, sem que isso os liberte de seu próprio destino. Esta carga trágica de que é portador é que dá ao teatro inexcedível autoridade para transmitir o sentido trágico de nossa existência.”
Falecido em 18 de maio de 1999, Dias Gomes deixou uma obra extensa que, graças à riqueza de seus textos, remontagens e reprises levarão ao conhecimento de muitas outras gerações.
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