27 de mai. de 2009

OlharTV: Encontros e desencontros

por Tatiana Bruzzi

O que é preciso para se fazer uma série de sucesso? Amor, sexo, amizade, família, encontros e desencontros. Se depender de todos esses ingredientes, a produção global “Tudo Novo de Novo” está no caminho certo. Concorda? Parece que não!

Desde sua estreia, em abril, a série vem recebendo duras críticas. Há quem ache que o formato está ultrapassado, outros acreditam que a temática do programa deveria ser mais ousada. A verdade é que, pelo menos para mim, a produção é ótima.

Confesso que não a acompanho desde o inicio. Na verdade, assisti somente aos três últimos episódios. Por isso, não sei como o casal principal, vivido por Marco Ricca (foto) e Júlia Lemmertz (foto), se conheceram e muito menos passaram a ter um relacionamento. Mas, me encantei.

Acho gostosa a relação deles, mostrada de forma madura e cautelosa. Acredito eu, como deve ser a de todo casal que já fora machucado por relacionamentos anteriores. Mais ainda, pelo fato de se ter filhos envolvidos no meio disso tudo.

Vi algumas enquetes em que sugeriam temas mais fortes, a serem debatidos. E aos poucos, esses temas estão sendo incluídos nos episódios. Já se discutiu sexo precoce, aborto, traição, separação e até o uso de entorpecentes. Mesmo assim, a série ainda não emplacou.

Toda essa repercussão me fez lembrar uma outra produção, também global, que deu muito o que falar quando foi ao ar. E mesmo assim, se tornou um marco na televisão brasileira.

Exibida na década de 80, "Malu Mulher" entrou para a história quando trouxe à telinha o drama de uma mulher que, após o divórcio, se via diante de um mundo novo e cheio de dificuldades.

Os preconceitos com os quais Malu teve que lidar, foram os mesmos que a série enfrentou. Afinal, nem todos viam com bons olhos uma mulher separada, criando a filha sozinha, voltando ao mercado de trabalho e ainda tendo os mesmos sonhos e desejos, de reconstruir sua vida, voltar a amar, dar e receber prazer.

Na época, a produção sofreu censura, teve cenas cortadas e mudanças nos horários de exibição. A ponto de a própria emissora solicitar uma fiscalização, antes mesmo dos episódios serem exibidos. Tudo para evitar maiores problemas com o ministério público.

Mesmo assim, "Malu Mulher" conseguiu levar ao ar discussões sobre anti-concepcionais e ainda, o primeiro orgasmo feminino da televisão.

O mundo mudou, mulheres conquistaram de vez um lugar no mercado de trabalho, surpreenderam ao entrar na política, e mesmo assim ainda buscam algo tão simples: estabilidade emocional.

Voltando aos dias atuais, é possível que a nova série global sofra daquele velho e já conhecido “pré-conceito”, com o qual somos obrigados a conviver. Se não há emoções mais fortes, a produção é parada demais. Se seguir a linha “sexo, drogas e rock in roll”, provavelmente receberá mais críticas e ainda sofrerá censura.

Acho que é chegada a hora de abrirmos os olhos para o novo, de novo, que nem sempre é tão novo assim.

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