10 de jan. de 2009
Um coração tocado por Maysa
por Endrigo AnnystonMas ficou nisso. Sabia que gostava da música, que a cantora havia falecido e que ela era mãe do diretor Jayme Monjardim.
Depois, em 2008, um dos principais assuntos envolvia os bastidores da produção de uma outra minissérie, também escrita por Manoel Carlos. O nome, "Maysa - Quando Fala o Coração".
Seria Maysa uma personagem assim tão importante ou marcante de nossa história, sendo assim merecedora de uma minissérie só sua? Só por ter um texto de Maneco, só por isso, já era um convite à parte.
E hoje, após a estréia, o que vemos é uma história instigante, de uma mulher que mais parecia viver nos dias atuais. O tipo de pessoa além de seu tempo, que não se rebaixa às regras da sociedade e nem se importa com elas. Seus desejos e suas vontades são o mais importante. De personalidade difícil de lidar, teimosa e com vontade de vencer, de ser, enfim, uma grande e reconhecida cantora.
A minissérie retrata uma Maysa polêmica, que fumava e bebia demais, e todos achavam que ela realmente fazia tudo isso de forma exagerada. Esses poderiam ser os motivos para o fim antecipado de sua vida, mas foi em um acidente que seu mundo caiu e, dessa vez, ela não teve como se levantar.
As músicas são um espetáculo à parte. Maysa não apenas canta, ela as interpreta e as vive de forma intensa. Quem ouve sente isso. Aliás, intensa, essa é a palavra que melhor a descreve.
Todas essas observações foram feitas através da minissérie. Ouso dizer que esta é a melhor produção dramatúrgica no segmento minisséries da TV Globo. E isso, pelo conjunto da obra. Tudo perfeito e alinhado: o texto sempre maravilhoso de Maneco; o elenco com destaque especial para Larissa Maciel, perfeita como Maysa tanto na interpretação quanto na aparência que impressiona por ser tão parecida com a cantora; figurino; cenários; fotografia; direção e, especialmente, a trilha sonora. As músicas de Maysa conseguem aproximar ainda mais o telespectador da estrela.
Maysa, acima de tudo, mostra o poder de fogo da Globo. Enquanto a Rede Record se torna especialista em tiroteios, seja na programação real ou na dramatúrgica, nós, telespectadores, continuamos verificando o “Q” de qualidade, pois, um trabalho como esse é digno de palmas e de todos os prêmios.
Ao invés de apelar, como as concorrentes, a Globo segue mostrando qualidade e, sobretudo, provando que produtos bem feitos podem ter retorno junto ao público. Ah, e não é porque as outras não sabem fazer. Está aí "Éramos Seis" (SBT) e "Essas Mulheres" (Record) para provar. É má vontade, mesmo.
"Maysa" é de encher os olhos, é uma luz ao final do túnel. Um salva de palmas a todos os envolvidos neste belíssimo trabalho.
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