18 de jan. de 2009

Dramalhão "A Favorita" termina com capítulo decepcionante

por FabioTV

Nesta sexta-feira (16/01), o dramalhão "A Favorita" chegou ao fim. O último capítulo não honrou o bom desempenho do terceiro ato quando João Emanuel Carneiro mostrou seu potencial. A reta final deixou muitos buracos.

Dulce (Selma Egrei), a mãe de Rita (Christine Fernandes); Manu (Emanuelle Araújo); Sabiá (Lucio Mauro), o pai de Dodi (Murilo Benicio); Fafá (Claudia Missura) e Norton (Alexandre Schumacher) sumiram.

Outros desfechos ficaram completamente velados. Stela (Paula Burlamaqui) e Catarina (Lilia Cabral) ficaram juntas ou não? Nesta última semana, Stela tinha saído de Triunfo para ficar distante de Catarina.

No último capítulo, a mãe de Mariana e Domenico declarou para o verdureiro Vanderlei que desejava viver novas experiências. Em seguida, Stela e Catarina viajam para Buenos Aires, considerada uma das capitais GLBT. Ainda em Triunfo, as duas pegam um táxi com as janelas escuras. Vedadas.

Outro desfecho provocou ainda mais dúvidas. Mariana (Clarice Falcão) não revelou o nome do pai de sua filha. Em um diálogo com seu pai Léo (Jackson Antunes), disse que não deixaria que ele fizesse o mesmo com a neta.

A imprensa vazou a informação que o próprio Léo seria o pai da neta. Para quem não sabia desta informação, o diálogo passou batido. Nebuloso. O autor não teve coragem para fechar as tramas. O último capítulo não provocou o público.

"A Favorita" termina como um dramalhão com uma história central pesada. A novela não emocionou o telespectador, mas sim chocou. Mesmo sendo enxuta, em comparação a outras novelas da TV Globo, uma série de histórias paralelas não irrigou e suavizou a obra. Muitas personagens passaram como figurantes.

Diversas tramas não funcionaram, o que prejudicou o desempenho geral do folhetim. A vilã Flora (Patrícia Pìllar) sustentou a novela, principalmente nos últimos dois meses. Confira os pontos positivos e negativos de "A Favorita".

  • Pontos positivos:

Patrícia Pillar: A vilã Flora já entrou para a história da teledramaturgia brasileira. A personagem de Patrícia Pillar conseguiu tomar conta de toda a novela. A atriz conseguiu dar conta do recado em um papel desgastante.

Mariana Ximenes: A atriz mostrou em "A Favorita" porque é considerada uma das estrelas jovens do elenco da TV Globo. É impressionante a evolução de Mariana desde os tempos de Emília em "Fascinação", no SBT, até Lara.

Personagem Cassiano: O ator Thiago Rodrigues evoluiu em comparação ao seu desempenho em "Páginas da Vida". Thiago deu vida ao interessante Cassiano, um dos melhores da novela. O personagem valorizou sempre a ética, o companheirismo, a família e o amor. Não se deslumbrou com a fama, baladas e o mundo das celebridades. Uma espécie, digamos, em extinção. Como sempre gosto de escrever no blog, o Brasil vive uma inversão profunda de valores. Cassiano foi uma antítese dessa situação. Na minha opinião, ele deveria ter casado com a Lara. O autor o jogou para a insossa Alicia. Uma pena.

Milton Gonçalves: o ator, praticamente um dos fundadores da TV Globo, finalmente ganhou um bom personagem em uma novela das oito. Mesmo com a overdose da temática política nas novelas (já abordado na antecessora "Duas Caras" e atualmente também em "Três Irmãs"), o político corrupto Romildo Rosa pôde mostrar o potencial de Milton.

Cauã Reymond: Cauã mostrou que não é apenas um rosto bonito na TV. Em cenas chave da trama, Cauã calou a boca de vários críticos. Em "A Favorita", o ator escapou do estereótipo corpo malhado e "lover boy".

Lilia Cabral e Jackson Antunes: a dupla experiente de atores alavancou "A Favorita" quando a novela começava a engrenar. Catarina e Léo trouxeram emoção à novela. A violência doméstica e a humanização da dona de casa foi uma das poucas tramas paralelas que ganhou bom destaque e coerência.

  • Pontos negativos:

Desagregação familiar: O autor João Emanuel Carneiro, em grande parte das tramas de "A Favorita", trouxe o tema velado "desagregação familiar". Na história, os filhos não tinham um bom relacionamento com os pais. Vejam só: Mariana detestava o pai Léo, Rita com a mãe Dulce, Didu e Alicia com o pai Romildo, Damião com o pai biológico Romildo, as crianças Carolina (Sofia Terra) e Tiago (Renan Mayer) com seus pais Gurgel (Mario Gomes) e Amelinha (Bel Kutner); Maria do Céu (Deborah Secco) com o pai Edivaldo; entre outros. Para completar, a filha Lara atira na mãe biológica Flora. Pra que existe a família, não é João Emanuel Carneiro? A grande parte dos conflitos não se resolveu.

Donatela: A mocinha da história, Donatela (Claudia Raia), não foi bem digerida por grande parte do público. Até mesmo no importante e catastrófico momento da virada da novela, os telespectadores reagiram negativamente quando souberam da verdadeira vilã.

De perua, nos primeiros capítulos, Donatela passou a ser uma caipirona nos momentos finais. Até mesmo na última semana, uma parte dos noveleiros ficou com pena da vilã quando o autor mostrou a construção psicológica de Flora. Quanta "inovação" hein...

Taís Araújo: a atriz encarou um dos piores papéis de sua carreira. A jovem Alicia surgiu mais como figurante do que coadjuvante. Mesmo nas poucas cenas, Tais não foi bem. Trouxe um ar mais "pedante" a Alicia.

Falta de romance: O clima "o amor está no ar" sumiu da história. Um dos poucos casais da história que cativou alguma simpatia, Catarina e Vanderlei, foi para o espaço no último capítulo. "beijo na boca é coisa do passado, agora a moda é.."

Orlandinho e Maria do Céu: Orlandinho (Iran Malfitano) tinha como objetivo mostrar a vida de um homossexual que vive de aparências, até mesmo em revistas de celebridade ao lado de belas mulheres. No decorrer da história, com a ênfase no conflito Flora e Donatela, esta história paralela perdeu completamente o rumo.

Com a falta de casais, João Emanuel preferiu ceder a pressão do público e destoou o personagem de Malfitano. Em alguns capítulos, um show de estereótipos apareceu para sustentar a formação do casal (quero beber cerveja, gostar de ópera...).

E o que falar de Maria do Céu? Deborah Secco, que emenda uma novela na outra, começou com um sotaque, terminou com outro. Paixão por um. "Despaixão" repentina. Filho com outro. E união com um outro. "Eitcha".

Final de Dedina: O velho tema da traição também esteve presente em "A Favorita". Dedina (Helena Ranaldi), casada com o prefeito Elias (Leonardo Medeiros), traiu o bom marido pelo sarado Damião (Malvino Salvador).

Resultado: execração pública. Depois de um longo processo de autodestruição, simplesmente, Dedina morre. Rumo sem sentido e lição de moral antiquada para uma novela que pretensiosamente queria "inovar a teledramaturgia nacional".

Histórias paralelas fracas: Mesmo com uma estrutura enxuta, "A Favorita" trouxe algumas histórias paralelas desnecessárias. João Emanuel desenvolveu mal as histórias de Juca (Bento Ribeiro), Cida (Claudia Ohana), Augusto César (José Mayer), entre outras. E o que falar do espaço oferecido as veteranas atrizes Rosi Campos (Tuca) e Ângela Vieira (Arlete)?

Final de Silveirinha (Ary Fontoura): aprontou todas e nada aconteceu. Que coisa hein....

Enquanto isso, a TV Globo exibiu, em plena madrugada, o excelente último capítulo da minissérie "Maysa - Quando fala o coração". O experiente e excepcional Manoel Carlos e o melhor diretor de telenovelas, Jayme Monjardim, deram um show na construção da obra.

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