12 de mar. de 2008

Enfrentando "Globo Rural" e "Record Kids", "Vrum" estréia com sucesso no SBT

A regionalização da TV brasileira, apesar de muito prometida, nunca ocorreu. Desde a década de 1950, as redes nacionais sempre privilegiaram atrações produzidas no eixo Rio-São Paulo. Exceção à regra surgiu no último fim de semana, com a exibição em rede nacional, pelo SBT/Alterosa, do ‘Vrum’, programa automobilístico realizado pela equipe da TV Alterosa em Minas Gerais.

Em sua estréia, no domingo passado, às 8h, o Vrum trouxe crescimento de 80% à audiência do horário do SBT na Grande São Paulo. A audiência média, na casa dos 2,1%, saltou para 3,8% e conseguiu chegar a picos de 5,05%.

“Há muito preconceito das redes nacionais em relação aos produtos de outros estados. Sem dúvida, o Vrum está abrindo portas não só para nossos outros produtos, como para os de outras afiliadas”, comemora Rodrigo Scoralick, gerente de produção e programação da TV Alterosa. Desde que entrou no ar em Minas, a atração (anteriomente exibida no estado como Auto papo) virou uma espécie de referência no setor. “Ele sempre foi considerado o melhor programa do gênero, pela abordagem jornalística e pelo tratamento popular dado ao assunto”, lembra Scoralick.

Não só a resistência das redes nacionais às atrações produzidas fora do eixo Rio-São Paulo impede a veiculação de programas com temáticas, abordagens e perspectivas diversificadas. A engrenagem por trás de uma operação como essa passa por aspectos mercadológicos. “Para se ter vida longa na televisão, é preciso equacionar audiência e público. Necessariamente nessa ordem”, explica Boris Feldman. Atualmente, são exibidas no país cerca de 30 atrações voltadas para o automobilismo e, na opinião do jornalista, o sonho da maioria é se tornar nacional. Nem todos estão credenciados. “É preciso oferecer produto de alto nível e esquema comercial montado. Senão, fica difícil. A grande concentração de anunciantes está em São Paulo, é caríssimo realizar produções como o Vrum”, pondera.

A jornalista Mônica Veloso, que há 10 anos se dedica a produções independentes de TV, sabe bem o que significa a abertura do SBT ao conteúdo gerado pela Alterosa. “É muito difícil emplacar algo parecido. O pioneirismo é total. Com produtos de qualidade e demanda do mercado, a possibilidade de isso voltar a ocorrer é grande”, avisa. “Nunca se venderam tantos carros no país”, lembra Mônica. Feliz com a repercussão do programa, ela recebeu pessoalmente do “patrão” Silvio Santos os parabéns pela estréia, ao participar do quadro Qual é a música. Na disputa, que irá ao ar nos próximos dias, houve empate. O mesmo não ocorreu em relação à audiência do Vrum, que ampliou a audiência do SBT. “O Silvio disse que estreamos bem e conseguimos dobrar a audiência do horário”, afirma a jornalista.

A possibilidade de ampliar o alcance da produção da TV mineira para o mercado nacional foi comemorada. “Em um evento do setor automobilístico, todos brindaram quando o Boris Feldman deu a notícia. Isso comprova o sucesso do projeto”, comenta Renato Neves, diretor da AIM Comunicação. De acordo com o especialista, a boa repercussão é antiga, começou no rádio. “Isso se deu até mesmo com o público feminino, porque sempre se falou de forma fácil de entender. Depois, o programa de rádio passou a ser veiculado fora de Minas. Ao migrar para a televisão, repetiu o êxito”. Para Renato, o que garante a acolhida à idéia é a credibilidade dos comentários de Boris Feldman, que, além de atuar no rádio e na TV, edita o caderno Veículos do Estado de Minas.

“Há muito preconceito das redes nacionais em relação aos produtos de outros estados. Sem dúvida, o Vrum está abrindo portas” - Rodrigo Scoralick, gerente de programação da TV Alterosa.

“É muito difícil emplacar algo parecido. O pioneirismo é total” - Mônica Veloso, jornalista.

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